O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) divulgou um levantamento preocupante nesta segunda-feira (24), revelando que, a cada três dias, um médico sofre algum tipo de agressão durante sua atividade profissional no estado. Os dados foram obtidos através do Portal da Defesa Médica, criado pelo Cremerj em novembro de 2018, com o objetivo de agir com rapidez em casos graves, incluindo agressões e exercício ilegal da medicina.
Entre dezembro de 2018 e junho deste ano, o Portal da Defesa Médica registrou 546 ocorrências de médicos que foram vítimas de agressões, sejam elas físicas ou verbais. Do total de casos, 67% ocorreram em unidades de saúde públicas, indicando que a situação é mais crítica nesse ambiente.
O levantamento também aponta que 75 médicos foram agredidos fisicamente no local de trabalho durante o período analisado. O caso mais recente foi o da médica Sandra Bouyer, que sofreu socos e pontapés durante um plantão no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá, zona norte da capital, em 16 de julho. Durante a agressão, Sandra não pôde socorrer uma paciente de 82 anos que sofreu uma parada cardiorrespiratória e acabou falecendo. A médica precisou receber pontos na boca e apresentou escoriações pelo corpo.
Outro dado alarmante é que a maioria das vítimas de agressões foi composta por mulheres, correspondendo a cerca de 61% dos casos. Somente este ano, de janeiro a junho, 62,5% dos episódios envolveram médicas.
O presidente do Cremerj, Guilherme Nadais, manifestou preocupação diante dos números e afirmou que é inadmissível que médicos sejam agredidos durante o exercício de sua profissão. O conselho tem buscado formas de aumentar a segurança para os médicos no ambiente de trabalho e oferece orientação através do Portal da Defesa Médica para os profissionais que sofrem violência.
Em junho, o Cremerj aprovou uma resolução que torna obrigatória a oferta de segurança nas unidades de saúde do estado do Rio de Janeiro para garantir a integridade física dos médicos e outros profissionais que atuam nesses locais. A normativa também exige a notificação compulsória ao conselho sobre casos de violência contra médicos dentro das instituições e indica a oferta de apoio administrativo e psicológico às vítimas.
Fonte: Agência Brasil